O que é pobreza energética?

Se você é uma pessoa que vive no planeta Terra nos últimos anos, com certeza já disseram para você "apaga a luz quando não tem ninguém na sala", ou "não deixa a geladeira aberta muito tempo". Você sabe que essas coisas impactam no consumo de energia e deixam a conta de luz mais cara. De fato, se você faz parte do grupo de pessoas que paga a conta de luz da própria casa, com certeza se preocupa em deixar o ar-condicionado ligado por muito tempo, pois sabe que no mês seguinte, o bolso sofre.

4/4/20253 min read

Se você é uma pessoa que vive no planeta Terra nos últimos anos, com certeza já disseram para você "apaga a luz quando não tem ninguém na sala", ou "não deixa a geladeira aberta muito tempo". Você sabe que essas coisas impactam no consumo de energia e deixam a conta de luz mais cara.

De fato, se você faz parte do grupo de pessoas que paga a conta de luz da própria casa, com certeza se preocupa em deixar o ar-condicionado ligado por muito tempo, pois sabe que no mês seguinte, o bolso sofre.

Pois é.

Algumas pessoas sofrem com o valor da conta de energia mais do que outras. Segundo o IBGE, a conta de luz representa até 8% no orçamento das famílias que recebem até 2 salários mínimos , enquanto nas famílias com mais do que isso, não passa de 3%. E é claro, a conta aqui, não é propocional, pois quando maior o poder aquisitivo da família, maior o consumo de energia (e maior a conta também).

O cenário pode ser ainda pior: muitas família não tem condições de comprar os próprios equipamentos que consomem energia (um aparelho de ar-condicionado, por exemplo).

Chamamos esse fenômeno de pobreza energética.

O que é pobreza energética?

É a falta de acesso a serviços energéticos devido à falta de dinheiro. Está muito relacionado à dificuldade de pagar contas de energia em casas de pessoas com vulnerabilidade social, mas também pode acontecer em edificações públicas. A pobreza energética é um problema frequente em países em desenvolvimento, mas também pode acontecer em países desenvolvidos, especialmente os países mais frios, nos quais as edificações necessitam de aquecimento, e que eleva bastante o custo mensal de operação.

No Brasil, uma pesquisa demonstrou que a falta de ar-condicionado nas escolas é um caso típico de pobreza energética, pois em muitas localidades do Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, o condicionamento de ar é necessário para garantir o conforto e saúde dos ocupantes [Geraldi e Ghisi, 2020]

Nas residências brasileiras isso não é diferente. Além da necessidade de condicionamento de ar, existem outros fatores que levam à pobreza energética, como falta de recursos para atualizar equipamentos (de iluminação ou geladeira, por exemplo), por mais eficientes. Isso leva a um consumo médio de energia inferior nas residências de baixa renda (cerca de 1500 kWh/ano) em comparação às residências comuns (cerca de 2000 kWh/ano). [Geraldi et al., 2022].

Um estudo do MIT revelou que um em cada três lares americanos enfrenta pobreza energética. Embora exista assistência financeira federal, a fórmula de distribuição de fundos, criada nos anos 1980, favorece desproporcionalmente os estados do Norte devido aos altos custos de aquecimento. Com as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas, os estados do Sul e Sudoeste agora enfrentam custos elevados de resfriamento, agravando a pobreza energética nessas regiões. Pesquisadores propõem atualizar a fórmula de alocação de fundos para refletir melhor as necessidades energéticas atuais, priorizando áreas com verões quentes e úmidos.

Pobreza energética e mudanças climáticas

Com o aumento das consequências das mudanças climáticas, como aumento da intensidade e frequência de ondas de calor, a pobreza energética é uma ameaça grave à condição digna de vida das pessoas mais vulneráveis. Trazer mais resiliência às edificações e mitigar a necessidade de condicionamento de ar e iluminação nas edificações pode ser uma estratégia para enfrentar essa ameaça.

Por fim, a pobreza energética é algo que precisa ser enfrentado. As populações vulneráveis economicamente são mais impactadas pelos efeitos das mudanças climáticas, e é necessário proporcionar condições adequadas de vida para todas as pessoas.